Fora de prazo
As divergências entre Joacine Katar Moreira e o partido que representa, o Livre, foi notícia em toda a imprensa no último fim de semana, e parece que os dois continuam de costas voltadas. Parece-me que o apoio do Livre a Joacine tem os dias contados.
Soube-se hoje que o partido falhou a entrega do seu projeto sobre a lei da nacionalidade, um tema que Joacine Katar Moreira tornou uma das bandeiras do partido durante a campanha para as eleições legislativas.
Em causa está a alteração da lei da nacionalidade por forma a considerar que todos os cidadãos que nasçam em Portugal possam ser considerados portugueses, mesmo que os pais sejam estrangeiros. O Livre sempre definiu esta alteração como uma das suas prioridades principais e este tema foi inclusivamente um dos primeiros tópicos levados à Assembleia da República pela deputada Joacine Katar Moreira, na discussão do programa de Governo, a 30 de outubro.
Como o prazo para a entrega do projeto terminou na passada sexta-feira, o Livre ficará impedido de apresentar as suas propostas no debate de dia 11 de dezembro.
Num pequeno partido como o Livre que possui uma agenda identitária, o incumprimento do prazo coloca a nu, não apenas problemas de comunicação, mas mais grave, um desnorte completo do partido.
Se a intenção de Joacine é atrair o foco em si mesma, a deputada, diga-se, tem-no feito com mestria. Primeiro com a gaguez, depois o racismo, a condenação de Israel e a falha na entrega dos projetos, tudo serve parar atrair os holofotes mediáticos sobre ela. As lutas desta mulher, até agora, não tem sido os mais desfavorecidos, os desempregados, a lei da nacionalidade, whatever, mas a constante necessidade de autoafirmação.