Geringonça de direita à vista?
Os açorianos foram este domingo às urnas para definirem a distribuição dos 57 assentos da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, da qual resultará o próximo governo da Região Autónoma.
Os grandes vencedores da noite foram: o PS, que ganhou as eleições, mas falhou o objetivo da maioria absoluta; o Chega que na primeira vez que concorreu nos Açores obteve 5,06% e elegeu dois deputados; a Iniciativa Liberal, que conquista um deputado e o PAN que também conseguiu alcancar o primeiro deputado nas eleições legislativas regionais nos Açores. A abstenção nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores foi de 54,58%, a segunda maior de sempre, mas inferior à taxa de abstenção verificada há quatro anos, segundo dados oficiais.
Nas eleições regionais açorianas existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo regional de compensação, reunindo este os votos que não forem aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha. Neste círculo, o BE, o CDS-PP, o CHEGA, a Iniciativa Liberal e o PAN elegeram um deputado cada.
A grande derrotada da noite foi a CDU que não conseguiu eleger nenhum deputado.
Em resumo: destas eleições emergiu numa acentuada fragmentação do parlamento açoriano que, apesar da saída da CDU, passa a ter nada menos de oito partidos representados, com três novos partidos a entrar nas bancadas do parlamento (Chega, PAN e IL), com dois partidos a conseguir representação parlamentar com menos de 2% dos votos (PAN e IL) e um outro partido (PPM) a alcançar dois deputados (ou seja 3,5%) com menos de 2,5% dois votos. Por fim, mas não menos importante, a impossibilidade de uma coligação maioritária à esquerda, dado que a soma dos deputados do BE não atinge os 29 deputados necessários, nem com o PAN.
Poderá estar à vista uma nova geringonça da direita, formada com a conjugação dos deputados do PSD (21), CDS (3), PPM (2), Chega (2) e Iniciativa Liberal (1), totalizando 29 contra os 28 da esquerda, PS (25), BE (2) e PAN (1).
Questionado sobre as possíveis coligações José Manuel Bolieiro, do PSD, admite que estas eleições deixaram um «quadro polivalente» em que tudo pode acontecer, incluindo uma solução de liderança da oposição.
Certo é que, com o fim da maioria absoluta do PS nos Açores e a ausência de uma coligação maioritária à esquerda, está tudo em aberto.