In Memoriam (1942-2014)
José Medeiros Ferreira deixou-nos, hoje, aos 72 anos. Era um dos políticos portugueses mais brilhantes da sua geração.
Historiador, académico e político, iniciou o seu percurso no Estado Novo, sendo um dos principais dirigentes durante a crise académica de 1962.
A sua intervenção no Congresso de Aveiro, em 1973, viria a definir aqueles que foram os princípios básicos que impeliram o Movimento das Forças Armadas a fazer a revolução de 25 de Abril de 1974: democratizar, descolonizar e desenvolver, os célebres «três D’s».
O seu trajeto político em democracia está intimamente ligado à opção europeia, tomada pelo I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, em que Medeiros Ferreira assumiu a pasta dos Negócios Estrangeiros aos 35 anos, sendo o chefe da diplomacia portuguesa mais jovem a assumir essa função. Foi ele quem encetou o processo de adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), a que Portugal aderiu, formalmente, em 1986.
Ligado quase sempre ao Partido Socialista, de que foi deputado até 2005, Medeiros Ferreira era um homem de causas e empenhou-se em algumas delas. A última foi a campanha presidencial de Mário Soares. Integrou, ainda que por pouco tempo, a Aliança Democrática, no tempo Francisco de Sá Carneiro, e foi fundador do PRD.
No final do ano passado já debilitado pela doença lançou aquele que acabaria por ser o seu último livro - «Não Há Mapa Cor-de-Rosa. A História (Mal)Dita da Integração Europeia» onde reflete sobre o percurso europeu de Portugal, bem como a crise que assolou a União Europeia e aborda aquilo a que chamou «o regresso clandestino do escudo».
Que descanse em paz!