Marques Mendes e o imposto sobre o património
Há muito que deixei de ver os comentários de Marques Mendes na SIC, mas li algures que Mendes considerou que o imposto sobre o património imobiliário, que alegadamente irá constar da proposta de Orçamento do Estado para 2017, «está para António Costa como a TSU para Passos Coelho».
Vamos ser sérios. Marques Mendes pode não concordar com a justeza da medida e está no seu direito, agora não pode é comparar o que é na verdade é incomparável.
Porque equiparar as duas medidas é confundir «a estrada da Beira e a beira da estrada»: o novo imposto sobre o património imobiliário, caso venha a ser contemplado no próximo Orçamento do Estado, abrangerá, de acordo com dados da Autoridade Tributária, 8618 famílias, apenas aquelas que em Portugal são detentoras de imóveis registados nas Finanças com valor superior a um milhão de euros, ao passo que a TSU (contribuição obrigatória paga mensalmente à Segurança Social, no governo de Passos Coelho, pelos trabalhadores e pelas entidades empregadoras e que se aplicava diretamente aos salários com o objetivo de suportar o sistema de Segurança Social – nomeadamente para o pagamento de reformas) atingiu, se bem se lembram, cerca de quatro milhões de trabalhadores e levou para as ruas um movimento de cidadãos que juntou um milhão de pessoas em mais de 30 cidades, tornando-se na maior ação popular que se viveu em Portugal desde o 1º de Maio de 1974.
Só por muita má-fé se pode confundir a tributação do património com a Taxa Social Única.