Media franceses deixam de publicar imagens de terroristas
(imagem do Expresso)
Os ataques terroristas que têm marcado a atualidade internacional colocam um enorme desafio aos órgãos de comunicação.
Sabe-se que há uma relação estreita entre terrorismo e comunicação social, dado que o primeiro não tem razão para subsistir sem o segundo. Porque um ato terrorista só assume determinada importância se for difundido pelos media.
Esta relação entre meios de comunicação e terrorismo atinge uma dimensão estratégica, na medida em que gera uma interdependência entre as partes. Por um lado, a necessidade de divulgação mediática alimenta o terrorismo para que este atinja níveis de terror globais, por outro, há uma necessidade subjacente da opinião pública e da indústria de conteúdos que reclama uma produção desmedida por parte dos media.
A principal questão aqui prende-se em conseguir um equilíbrio entre a liberdade de informar e o respeito pelas vítimas, evitando, a chamada «glorificação póstuma» dos atos cometidos por indivíduos considerados como terroristas, seja qual for a sua motivação, e evitar, assim, «colocar os terroristas ao nível das vítimas».
Se em Portugal, Espanha, Itália em França (neste último caso, até há bem pouco tempo), fotografias, nomes e perfis dos autores dos atentados são divulgadas sem qualquer limitação nos diversos meios de comunicação, países europeus como a Suíça escolheram há algum tempo evitar a difusão das imagens dos terroristas.
Neste momento alguns meios de comunicação franceses como o Le Monde, a BFM-TV e a Europe 1, após o ataque à igreja de in Saint-Etienne-du-Rouvray decidiram igualmente que não vão mais divulgar os rostos dos atacantes.
Parece-me uma ideia sensata e inteligente que deveria ser replicada pelos órgãos de comunicação de outros países.