O caso Tancos mancha campanha eleitoral do PS
Já entrámos na última semana de campanha eleitoral para as Legislativas de 2019. Faltam 6 dias para se decidir a constituição do novo parlamento e o tema Tancos está a marcar a agenda política.
É que curiosamente ou talvez não, ficou a saber-se que o caso conta com 23 acusados pelo Ministério Público, um deles o ex-ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes. O momento escolhido não podia ser pior porque não há como evitar o facto de um ex-ministro da Defesa deste governo estar acusado de quatro crimes. Além de Azeredo Lopes estão igualmente “chamuscados”, o Primeiro Ministro e o Presidente da República. O Primeiro Ministro por existir a suspeição de que ele saberia do caso, através do ministro da Defesa. E quanto ao Presidente da República, por a escuta do major Vasco Brazão insinuar claramente que o “Papagaio-mor” sabia de tudo. Será que se estava a referir-se a Marcelo Rebelo de Sousa ou a Marques Mendes?
Neste caso Rui Rio tem-se pautado pela incoerência. É que tão depressa diz que não se pode julgar em praça pública como aparece a rasgar as vestes e a querer ver tudo e todos responsabilizados, num claro aproveitamento político que levou o líder socialista a acusá-lo de ver conspirações em todo o lado. A justificação é que o PSD está a recuperar nas intenções de voto. De acordo com a mais recente sondagem da Pitagórica a diferença entre PS e PSD encurtou-se para 10,7 pontos. O PS tem agora 36,1%, enquanto o PSD estabilizou nos 26,4%.
Os centristas também não abandonaram o tema e a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, começou por dramatizar, marcando uma reunião de emergência com o seu núcleo duro e posteriormente defendeu uma nova comissão de inquérito, pedindo ao Ministério Público que investigasse melhor as declarações de Azeredo Lopes e de António Costa.
A coordenadora do Bloco, Catarina Martins, comentou o caso, alegando que a acusação do Ministério Público é «extraordinariamente grave», mas recusou «fazer especulações» sobre quem tinha conhecimento do furto e do reaparecimento do material militar.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considera que a direita encontrou no processo de Tancos «uma boia de salvação» para colher dividendos políticos, mas mostrou-se disponível para aprovar uma nova comissão de inquérito.
Mais comedido foi André Silva ao referir que «Tancos não deve entrar na campanha», por não querer «alimentar mais ruído em torno de um caso que precisa de muitos mais esclarecimentos».
Recorde-se que há quatro anos, António Costa perdeu umas eleições que pareciam ganhas à partida por o tema ‘José Sócrates’ ter dominado a campanha. Agora, arrisca-se a perder uma maioria absoluta devido ao caso Tancos. Coincidência ou conspiração? O Partido Socialista acredita que a acusação de Tancos, deduzida esta semana pelo Ministério Público, é parte de um ataque, de uma conspiração política contra o Governo e o Presidente da República.
Também Jose Sócrates crê que a acusação judicial sobre o caso de Tancos a meio da campanha eleitoral tem «evidente e ilegítima motivação política». Estas posições do antigo primeiro ministro constam de um artigo publicado este domingo e que pode ler aqui.