O drama dos refugiados
Esta foto brutal de um menino encontrado morto sobre a areia de uma praia da Turquia, após o naufrágio de duas embarcações com refugiados sírios que tinham saído da cidade turca de Bodrum com destino à ilha grega de Kos, porta de entrada da União Europeia, gerou uma onda de comoção em toda a Europa.
A imagem tornou-se viral nas redes sociais, como símbolo do fim desastroso de alguns refugiados que tentam a sua sorte em perigosas travessias para o continente europeu, fugindo de conflitos, violência, pobreza, fome e perseguição.
Depois de nos últimos quatro anos centenas de milhares de sírios se exilarem na Turquia, no Líbano e na Jordânia, estes países começaram a impor restrições a novos ingressos. Perante a dificuldade de entrar nos países vizinhos, a alternativa foi migrar para a Europa.
O drama dos refugiados tem abalado consciências e a onda de solidariedade vai crescendo. A verdade é que o problema da migração não afeta da mesma maneira todos os Estados da União Europeia. A Itália, a Grécia e a Hungria estão forçosamente mais confrontados com esta tragédia e, perante uma ausência de resposta concertada ao nível europeu, os governantes têm adotado medidas pífias e de curto prazo para fazer face a um problema para o qual ainda não há resposta sustentável e douradora, digna dos valores humanistas que o Velho Continente tanto proclama.
Enquanto o problema não for resolvido a montante, criando-se condições para que as pessoas vivam com o mínimo de dignidade nomeadamente na Síria, no Iraque, na Líbia ou no Afeganistão, todos os países europeus têm a obrigação de encontrar uma solução concertada perante a tragédia humanitária que se tem abatido pela Europa.
Como afirmou Rui Tavares, «A escolha que temos perante nós não é entre resolver todos os problemas do mundo ou não agir. A natureza da ação humanitária é fazer o máximo que for possível, da melhor maneira possível — e nós podemos fazê-lo. A escolha que temos perante nós é a escolha do mundo cívico: ser irmão dos nossos irmãos, e não deixá-los morrer à nossa porta».