O extravagante Boris Johnson
Tem ascendência turca e estudou nas melhores escolas inglesas. Foi um jornalista polémico antes de enveredar pela política, onde vingou como figura extravagante e pró-Brexit. Boris Johnson foi eleito líder do partido conservador britânico, esta terça-feira. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros sucede a Teresa May e será o próximo inquilino do n.º 10 de Downing Street.
Diz quem o conhece (um jornalista reformado da Lusa) que Boris é «um tipo muito inteligente, culto, arrogante, com notável sentido de humor, extremamente ambicioso e extremamente desonesto. Mente com a maior das facilidades, torce a verdade de forma a que ela se enquadre no que lhe der jeito no momento. Inventava notícias com a maior das facilidades, sempre para pôr em causa as instituições europeias.
Um traste, mas um traste educado em Eton e em Oxford, onde foi um dos melhores alunos. Absolutamente irresponsável e indigno de confiança. O tipo é um diabo, inteligente e culto, mas completamente amoral. Por isso mesmo muito perigoso!...».
Enquanto Boris Johnson discursava na sua tomada de posse, esta quarta-feira, ouviam-se os ruídos de fundo dos protestos contra o novo chefe do Governo britânico. Mas isso não impediu Johnson de se apresentar com a toda a confiança para «concretizar o Brexit em 99 dias» e reavivar o patriotismo britânico. A promessa de sair a 31 de outubro pode ser difícil de manter, por Boris não ter a maioria no Parlamento e estar sempre sob a ameaça de uma moção de censura. Além disso, a União Europeia não parece mais disposta a reabrir o acordo de saída do que mantinha com May e a hipótese de um Brexit sem acordo é rejeitada pela maioria dos deputados.
Por isso a prioridade imediata para o novo primeiro ministro é, como afirmou May, «completar a saída da União Europeia de uma forma que funcione para todo o Reino Unido», mas lá além do Brexit, o novo primeiro-ministro tem outras prioridades no campo internacional. Tem os EUA e a instabilidade da relação entre ambos os países, afetada recentemente pela demissão do embaixador britânico nos EUA após a publicação de documentos contra Trump. Do outro lado, Johnson tem de tomar partido em relação à escalada que está a acontecer entre o Irão e EUA.
Se está ou não preparado para fazê-lo ninguém poderá antecipar, mas não deixa de ser preocupante que alguém que mostra um desrespeito tão veemente para com o órgão de soberania que representa o povo tenha sido eleito pelos seus pares como líder do partido e do governo.
Tem sido interessante ver alguma Direita sair em sua defesa, como Paulo Portas há dias na TVI. Boris Johnson até poderá ser um dos políticos mais cultos da Europa, mas isso, por si só, não será suficiente para fazer dele um bom primeiro-ministro.