O novo governo
António Costa apresentou ontem a constituição do seu novo Governo ao Presidente da República. É uma equipa de 19 ministros, sem grandes surpresas, que confirma a ascensão de alguns nomes e a manutenção de outros, mais contestados, como Marta Temido (Saúde) ou Tiago Brandão Rodrigues (Educação).
Foi por demais evidente que Costa quis evitar ligações familiares entre ministros. A saída de Vieira da Silva, permitiu que a sua filha, Mariana Vieira da Silva, se mantivesse em funções, bem como o abandono da pasta do Mar de Ana Paula Vitorino permitirá a continuidade do marido, Eduardo Cabrita.
A promoção do ministro de Estado Pedro Siza Vieira a número 2, foi um sinal que o primeiro-ministro deu de que a economia e o crescimento económico são dois objetivos que devem estar no centro deste governo.
A permanência de Mário Centeno e de Augusto Santos Silva no governo, promovidos a ministros de Estado, duas figuras de grande prestígio e enorme qualidade, é uma boa notícia.
Outra boa notícia é a maior paridade de género com 8 mulheres como ministras e 11 ministros.
A nomeação de Mariana Vieira da Silva, que sobe a ministra de Estado, de Alexandra Leitão para o cargo de ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, bem como da nova ministra do Trabalho Ana Mendes Godinho são reforços importantes, com algumas incógnitas.
A perda de Vieira da Silva parece-me a nota mais negativa. Ana Mendes Godinho da secretaria de Estado do Turismo assumirá a pasta do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Uma herança pesada, sem dúvida. Porém, esta não é uma área desconhecida à futura ministra, já que foi inspetora do Trabalho e diretora dos Serviços de Apoio à Atividade Inspetiva da Autoridade para as Condições do Trabalho, antes de ir para o Governo como secretária de Estado.
Parece-me um governo equilibrado, mas sem a geringonça e com a atual configuração do Parlamento, não é fácil manter a estabilidade ao longo da próxima legislatura, mas António Costa já mostrou que é um político sagaz, capaz de fazer equilíbrios que muitos julgavam impossíveis, e capaz de nos surpreender.