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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sab | 25.04.15

O povo saiu à rua num dia assim

 

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Há 40 anos, um ano depois da queda do regime ditatorial, o país foi a votos para a Assembleia Constituinte, naquelas que foram as primeiras eleições livres da nossa História.

Tal era a vontade de participar que se recensearam mais de seis milhões de pessoas em apenas dois meses. Foi preciso construir, de base, todos os cadernos eleitorais.

No dia da votação, os eleitores esperaram, pacientemente, em longas filas, numa jornada eleitoral de 12 horas, e votaram maciçamente, com uma participação de 91,66%, um recorde para a história política portuguesa.  A elevada adesão às urnas de 1975 não voltou a verificar-se: logo no ano seguinte, as eleições para a Assembleia da República tiveram uma taxa de abstenção de 16,7% e a partir daí, foi sempre a aumentar.

As eleições destinavam-se a eleger uma Assembleia Constituinte – que tinha como única missão fazer aprovar a Constituição. O partido mais votado, como acontece nos regimes parlamentares, não seria convidado pelo Presidente da República a formar Governo.

O Movimento das Forças Armadas (MFA) decidira que o chefe do Executivo devia ser um militar. O Governo em funções, o IV Provisório, era chefiado por Vasco Gonçalves, próximo do PCP - e assim devia continuar, qualquer que fosse o resultado das eleições. Os números seguros das eleições só foram conhecidos cerca das cinco da manhã do dia 26. O Partido Socialista, de Mário Soares, foi o grande vencedor.

O segundo partido mais votado – provavelmente a grande surpresa destas eleições – foi o PPD. Em terceiro lugar ficou o PCP, imediatamente seguido pelo CDS. Os comunistas nunca perdoaram ao Presidente da República estes resultados. Culparam Costa Gomes de ter influenciado a votação quando, no dia de reflexão, se dirigiu aos portugueses pela televisão e falou tanto em socialismo, que o povo foi levado a votar no Partido Socialista.

No dia 2 de Abril de 1976, dez meses depois do início dos seus trabalhos, a Assembleia Constituinte aprovaria a Constituição de 1976 que, entre os seus órgãos de soberania, criou um parlamento detentor da função legislativa e com competências de fiscalização política do Governo e da Administração Pública que foi designado por Assembleia da República.

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