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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qua | 30.04.14

«O que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira»

 

(imagem do google)

Há uns largos anos, uma frase de um presidente de um clube de futebol, ficou célebre: «o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira». A frase nunca perdeu a atualidade e hoje é utilizada em variadíssimos contextos, designadamente na política.

Vem isto a propósito dos últimos acontecimentos políticos. Há menos de duas semanas, Pedro Passos Coelho garantia aos portugueses que o caminho para a redução do défice se faria apenas do lado da despesa, tendo em conta a já muito elevada carga fiscal. O primeiro-ministro passou as últimas semanas a garantir que as medidas do Documento de Estratégia Orçamental (DEO), não passariam pelo aumento de receitas para cumprir a meta do défice de 2,5% em 2015. «Não são medidas que incidam sobre impostos, salários ou pensões», assegurava o primeiro-ministro, que não queria deixar margens para dúvidas sobre a linha vermelha que estaria traçada pelo Governo. «Creio que já esclareci bem essa matéria», frisou na altura, quando questionado pelos jornalistas.

O DEO (Documento de Estratégia Orçamental) finalmente apresentado esta quarta-feira aponta, contudo, para um caminho diferente: um aumento de 0,25% do IVA e de 0,2% da TSU e ainda fica ainda a ideia de que poderão vir a ser criados ou agravados impostos sobre consumos como álcool ou o tabaco, demonstrando que a fórmula continua a passar pela receita.

Com estas medidas, as receitas do Estado aumentam em 350 milhões. E é com este dinheiro que o Governo vai desagravar, dizem eles, o corte da CES e restituir no próximo ano 20% dos cortes salariais na função pública.

É legítimo que haja «uma distribuição do esforço» entre reformados e trabalhadores no ativo, entre o setor público e o setor privado e entre gerações para não sacrificar sempre os mesmos, mesmo que esse alívio tenha de ser feito à custa do rendimento de outros portugueses que não sejam funcionários públicos e pensionistas. O que não é legítimo é apregoar aos sete ventos de que não haverá mais aumento de impostos e depois agravá-los. É preciso muito descaramento!

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