Os indignados do facebook
O corpo da Jessica Athayde; a ausência de sorriso da Inês Castelo Branco nos Globos de Ouro; os objetos que Joana Vasconcelos levaria consigo caso abandonasse o país; a cadela de Maria João Bastos; as afirmações de José Cid sobre trasmontanos; as reações de Nuno Markl à entrevista de Cid; o «anjinho» de Marta Melro são assuntos que foram notícia no facebook e geraram ondas de indignação.
As redes sociais instauraram uma nova moda - os indignados - todos estão indignados com algo, ou com alguém, e sentem-se obrigados a atuar civicamente através da denúncia: assinam petições virtuais, compartilham e comentam as notícias do dia. Basta que haja um assunto mais polémico e lá aparecem os arautos da justiça, da moral e dos bons costumes a disparar a primeira crítica e a lançar a primeira pedra do bem contra o mal. A indignação no mar de informação em que vivemos não conhece distinções ou limites.
A chegada das redes sociais e o acesso fácil à web fez com que a facilidade de opinar se tornasse uma arma de arremesso. Os comentários construtivos são muitas vezes substituídos pelas opiniões corrosivas e ofensivas. Este tipo de reações agressivas em cadeia é o reflexo daquilo que as redes sociais propiciam. Os utilizadores tendem a sentir-se mais à vontade para expressar as suas opiniões do que numa interação face-a-face. Acresce que ser controverso tornou-se moda e dá direito a mais likes e reações em cadeia. É como uma capa de jornal com uma notícia sensacionalista, vende mais do que aquela que é mais moderada e conservadora. É, no fundo, um espelho do mundo que nos rodeia.
Fala-se tanto do bullying das escolas e esquece-se que diariamente crianças e adultos são alvo de bullying nas redes socias. Não admira que depois tudo isso se transfira para o quotidiano. Os estudiosos dão um título pomposo a este tipo de agressão de cyberbullying.
O termo terá sido usado pela primeira vez por Bill Belsey, professor canadiano, e foi definido como «o uso de tecnologias de comunicação e informação como forma de levar a cabo comportamentos deliberados, hostis, contra um indivíduo ou grupo, com a intenção de agredir».
Não há muitas formas para combater isto. É quase impossível monitorizar tudo o que se passa nas redes sociais. É um trabalho de bom senso para não piorar ainda mais a questão.
Há um aspeto que é preciso levar em linha de conta: liberdade implica sempre responsabilidade, o que significa que a liberdade de expressão e liberdade de opinião não é ilimitada nem absoluta, devendo ser restringida e regulada, já que a sua prática abusiva acarreta problemas éticos, morais e sociais.