Personalidades manifestam-se contra a venda da PT
A multinacional do sector das telecomunicações Altice, que detém a portuguesa Cabovisão, ofereceu 7 mil milhões de euros para a compra dos ativos PT, valor ao qual tem de ser descontada a dívida de mais de 6 mil milhões de euros. A empresa esclarece que a proposta não abrange os ativos em África e exclui a dívida da Rioforte, empresa do grupo Espírito Santo em processo de falência. A oferta apresentada pela Altice tem em conta que os ativos de 7,025 mil milhões de euros, incluem 400 milhões de euros relacionados com a geração futura de receitas pela PT e igual importância com a geração futura de fluxos de caixa mas não acrescenta valor para uma empresa de bandeira cono a PT.
Personalidades como Bagão Félix, Francisco Louçã, Freitas do Amaral, José Pacheco Pereira, Silva Peneda, e Manuel Carvalho da Silva naturalmente preocupados com a situação, subscrevem um documento tendo em vista resgatar a PT, em que exigem do poder político uma posição atuante na empresa, porque, dizem, «a gravidade da situação da PT é incompatível com silêncios, omissões ou acomodações. Está em causa o interesse nacional na sua mais genuína interpretação.
Para os subscritores deste apelo, o problema da PT «não pode, pois, ser exclusivamente deixado à lógica estrita dos mercados» nem «pode ser tratado como se se tratasse de um assunto de quase rotina sujeito à lei mecânica da indiferença e da passividade».
No referido apelo, os signatários consideram que «as razões do descalabro e desmembramento da PT, no contexto da sociedade e da economia portuguesa, advêm, ao longo deste século, de graves erros, distorções, falta de visão estratégica nacional e diluição ética de diferentes níveis de decisão», importando, por isso, «aprofundar as ilações a extrair desta situação».
Não será certamente coincidência que a queda livre da PT coincida, temporalmente, com a alienação da golden share do Estado na empresa. Ou que o momento chave da destruição de valor, a venda da Vivo, tenha acontecido com a oposição do Estado, que acabou por se vergar à pressão do maior acionista da PT - o BES
A questão que se coloca é: como foi possível o Estado abdicar, a troco de nada, de uma posição privilegiada que detinha na empresa. Mesmo que a legislação comunitária a isso obrigasse, teria que haver sempre mecanismos de proteção do interesse público. Os resultados por essa opção estão à vista!