Salvador Sobral
Há muito que tinha deixado de ver o Festival da Canção e o Festival da Eurovisão. Lembro-me bem, quando era miúda, que esses dias eram um acontecimento importante em Portugal. O país parava, literalmente, para assistir na televisão ao certame.
Depois, ao longo dos anos, o festival da canção foi perdendo interesse, em grande parte devido à falta de qualidade das composições e dos intérpretes. Prova disso é que há anos que somos eliminados da final.
Mas este ano, Salvador Sobral conseguiu por, de novo, toda a gente a ver o festival da Eurovisão, expectantes com a sua canção. Se no ano passado ganhamos o Europeu de Futebol este ano também podemos ganhar a Eurovisão. Difícil? Sim, mas não impossível.
Com uma música composta pela sua irmã, Luisa Sobral, interpretou uma canção lindíssima - Amar pelos Dois - que a todos encantou e, com ela, voltamos a estar numa final do Festival da Eurovisão.
A canção portuguesa distinguiu-se, sem dúvida, das demais. Primeiro porque o Salvador foi o único que não cantou em inglês e depois porque dispensou todos os efeitos cénicos e pirotécnicos, criando um ambiente intimista: só ele, a sua voz e a sua presença para dar a ouvir ao mundo «Amar pelos Dois».
A atuação portuguesa foi a única feita fora do palco principal. Salvador Sobral «amou pelos dois» num palco mais pequeno e situado no meio do público. O público ouviu a sua interpretação e acendeu as luzes dos telemóveis para o acompanhar, respeitando o silêncio pedido pela organização durante a sua prestação.
Como disse o Ricardo Araújo Pereira sobre a participação de Portugal numa crítica ao festival da Eurovisão, na Mixórdia de Temáticas da Radio comercial, era apenas um «rapaz a cantar». E que bem que ele cantou!
Salvador Sobral voltará a interpretar o tema «Amar pelos dois», na final, que se realiza no próximo sábado em Kiev, na Ucrânia, com transmissão na RTP 1 e esperemos que lhe corra muito bem.