Sobre a taxação dos sacos de plástico
Talvez nenhum outro objeto simbolize tanto a cultura consumista como os sacos de plástico. Todos os anos, são mundialmente utilizados um bilião de sacos de plástico, o que equivale à utilização de quase dois milhões de sacos a cada minuto. A quantidade usada apresenta grandes variações entre os países mundiais. Se os europeus utilizam mais de 400 sacos de plástico por ano, os dinamarqueses e os finlandeses utilizam apenas quatro sacos anualmente.
Os sacos de plástico são produzidos recorrendo ao gás natural e petróleo. Têm um período de vida superior a 100 anos, o que significa que quando não são reutilizados podem afetar o ambiente durante mais de um século. Dada a multiplicidade dos problemas associados ao ambiente, muitas comunidades começaram a tentar implementar medidas dissuasoras de modo a restringir o seu uso.
Em Portugal, algumas superfícies cobram já dois ou três cêntimos por saco, mas vão passar a custar dez cêntimos, uma medida do governo vai desenvolver para incentivar alternativas mais ecológicas. A ideia é penalizar ou incentivar comportamentos ambientais, através de impostos ou taxas e combater números expressivos, uma vez que cada português gasta, em média, 500 sacos por ano.
A ideia teoricamente até podia ser interessante, mas sabe-se que a maioria dos sacos dos supermercados é reutilizada para o lixo, basta observar os diversos contentores.
Se começarem a cobrar 10 cêntimos por cada saco de compras, possivelmente as pessoas serão tentadas a utilizar sacos reutilizáveis, o que não é muito cómodo mas fica efetivamente mais barato e passarão a comprar sacos de plásticos para enfiar o lixo!
No final, e em termos práticos, feitas as contas acabará por haver uma transferência de uns sacos para outros, com, presumo, pouco impacto a nível ambiental.
Seria porventura mais benéfico, julgo eu, implementar o uso de sacos de compras feitos de papel 100% ecológico. Para além de evitar o uso do plástico, estes sacos são biodegradáveis. Os grafismos eventualmente utilizados teriam tintas biodegradáveis e obviamente fazer campanhas de sensibilização com vista a incentivar a reutilização dos sacos à semelhança do que se fez para a colocação de resíduos sólidos nos ecopontos.
Mudar mentalidades, ou seja, renovar, é um processo que demora o seu tempo e exige uma alteração ao nível dos valores e padrões de uma dada sociedade ou cultura. Assim, no primeiro impacto, parece uma tarefa árdua até se conseguirem ver as primeiras mudanças, mas não é impossível mudar o ambiente que nos rodeia começando, primeiro, por cada um de nós.