Trabalhar no dia de Carnaval
«O Governo decidiu que os funcionários públicos têm de trabalhar no dia de Carnaval. Em sentido contrário, os Governos Regionais dos Açores e da Madeira dão tolerância de ponto, assim como a maioria das câmaras municipais de todo o País.
As escolas têm férias, grande parte das empresas, privadas mas também de capitais públicos, não trabalha ou mantém apenas os serviços essenciais e os transportes públicos vão praticar horários de fim-de-semana. O resultado é que o Estado vai ser obrigado a pagar subsídio de almoço, o que se calcula que custe mais de dois milhões de euros, além de electricidade, gás, água e outros consumíveis, que devem custar outro tanto. Os funcionários, sem nada que fazer, vão inventar formas de se manterem activos.
Quem tem filhos pequenos e não tem onde os deixar vai levá-los para o trabalho. Ou seja, não é possível rentabilizar uma estrutura que funciona quando quase tudo e quase todos à volta estão parados. Retirar a tolerância de ponto no Carnaval tem o mesmo resultado dos cortes nos salários dos funcionários das empresas de capitais públicos que não têm forma de os entregar ao Estado e, por isso, não contribuem para o esforço colectivo.
É preciso fazer a contabilidade entre o que se ganha e o que se perde com os festejos do Entrudo para saber o que é melhor para o País. O Carnaval até podia ser um dia normal de trabalho, mas para ter resultados práticos teria de ser estendido a todos. O dia de trabalho só funcionaria se não houvesse convenções colectivas que impõem o dia de Carnaval como feriado».
Caso para dizer: «pior a emenda que o soneto».
Fonte: Diário Económico