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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qui | 04.06.20

Trump e a escala de violência nos EUA

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A tensão social suscitada por esta escalada de violência e racismo por parte das forças policiais em relação aos afro-americanos não é nova. Porém, percebe-se que estas manifestações vão para além da morte de George Floyd. 

 

O facto de os serviços secretos serem obrigados a acolher Donald Trump no 'bunker' da Casa Branca, quando os protestos em Washington subiram de tom, mostra bem a rivalidade dos manifestantes a Trump e à sua causa.

 

Se numa primeira fase os protestos nos Estados Unidos até deram a sensação de que iriam ser um entrave à reeleição de Trump, com o avolumar da violência em diversas cidades americanas, Trump poderá até retirar dividendos na popularidade. O Presidente norte-americano tem tentado tirar proveito dessa tática de acusar movimentos de extrema-esquerda, nomeadamente o Antifa, de estarem a manipular a contestação à morte de George Floyd.


Vários analistas políticos sustentam que, no final, tudo isto pode jogar a favor da reeleição de Donald Trump, que pode surgir como um homem providencial que colocou ordem no caos que ameaça dividir o país.


Tudo dependerá da dimensão da violência, da duração dos protestos, do seu impacto na sociedade americana e, sobretudo, da forma como tal violência será percecionada pelos americanos.


Se as coisas evoluírem para uma situação de desordem social, associada a grupos organizados de extrema-esquerda, caso em que violência possa ser considerada desproporcional, ao ponto de fazer com que a maioria dos americanos temam pela sua própria segurança e ordem pública, isso poderá até vir a favorecer o atual Presidente, que pode jogar com o medo, usando isso como um trunfo, relativamente a uma certa debilidade do adversário democrata, Joe Biden, na manutenção da ordem.


Para já as sondagens colocam Joe Biden à frente em todos os estados para vencer as eleições americanas de novembro, mas o momento é demasiado incerto para fazer previsões e de poder antecipar com algum grau de certeza quem será o próximo presidente dos EUA.