Sobre o MP
Algo está a mudar no panorama judicial, quando: um ex-primeiro-ministro é investigado por suspeitas de corrupção; quando o mais poderoso banqueiro do regime e o Presidente do Benfica são arguidos; quando dois antigos secretários de Estado são acusados do crime de peculato por terem utilizado cartões de crédito atribuídos para fins públicos em benefício próprio; quando um ministro é investigado por ter pedido dois convites para um jogo de futebol ou quando dois juízes desembargadores estão a braços com a Justiça é caso para dizer que estamos perante um novo paradigma.
É óbvio que se pode questionar a legalidade e a oportunidade de todos estes casos, mas, sem dúvida que o MP em geral e Joana Marques Vidal em particular têm tido a coragem de enfrentar todos os poderes, sejam o político, o económico, o judicial e até o maior de todos, o do futebol.
Assim sendo, faz sentido que a nomeação do cargo de Procurador-Geral da República esteja a cargo do poder político, assentando na dupla confiança do Presidente da República e do Governo, sendo que o primeiro nomeia ou exonera, sob proposta do Governo? O mesmo se aplica, por exemplo, ao Presidente do Tribunal de Contas. Ambas as suas nomeações deveriam ser independentes do poder político.