Violência no desporto
Arrancou esta semana o campeonato nacional de futebol, após uma paragem forçada de três meses imposta pela pandemia da Covid-19, com os jogos a serem disputados à porta fechada, sem a presença dos adeptos.
Depois da derrota do FCPorto contra o Famalicão e a consequente perda da liderança, os adeptos benfiquistas acalentavam a esperança do Benfica poder vencer frente ao Tondela, com relativa facilidade e comandar a tabela classificativa.
Porém, as expetativas dos adeptos e das claques ficaram goradas, após empate de 0-0 na receção ao Tondela e, em consequência ocorreram atos de vandalismo, alegadamente por elementos da claque dos no name boys. O autocarro da equipa benfiquista foi apedrejado, à saída da A2, quando se dirigia para o centro de estágio do clube encarnado, no Seixal, sendo que dois futebolistas tiveram mesmo de ser conduzidos ao hospital para serem observados, na sequência dos estilhaços de vidros que os atingiram.
De acordo com a imprensa também as casas de jogadores do Benfica, Rafa, Pizzi, Grimaldo e do treinador Bruno Lage foram vandalizadas com grafitis ameaçadores, os quais apresentaram queixa na polícia judiciária.
Depois da invasão de Alcochete de má memória para os sportinguistas, agora estas cenas lamentáveis com o clube da Luz, ultrapassam tudo o que é futebol, tudo o que é paixão clubística, dado que entramos no domínio do crime.
O mínimo que se pode exigir é que as autoridades competentes averiguem com rigor, identifiquem os responsáveis destes atos criminosos, para que os mesmos sejam exemplarmente punidos e posteriormente erradicados do mundo do futebol, porque esta corja mancha a imagem do desporto em geral e do futebol em particular.
E se os dirigentes, funcionários dos clubes e comentadores têm muitas responsabilidades no ambiente violento criado à volta do futebol, a comunicação social também não está isenta de culpas, porque há décadas que as televisões e a imprensa desportiva alimentam um ambiente tóxico e de histeria tribal em torno do futebol que traz ao de cima o pior da condição humana e que leva a que casos destes sucedam. Uns e outros não têm qualquer legitimidade agora para se mostrarem surpreendidos com estes acontecimentos.